Inicia a COP 30 em Belém do Pará. REPAM busca promover o cuidado com a Amazônia

Foto: Wagner Meier/Getty Images

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) tem realizado um amplo processo de preparação e reflexão com o objetivo de contribuir para a tomada de decisões sobre a crise climática na Amazônia e no planeta. De 10 a 21 de novembro, a capital do estado do Pará receberá diplomatas, representantes governamentais e membros da sociedade civil que abordarão, mais uma vez, o cenário tão complexo deixado pelo impacto ambiental no mundo.

Por: Equipe de Comunicação da REPAM

Embora o evento convocado pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) comece oficialmente em 10 de novembro, nos dias anteriores já foram realizados eventos de destaque no marco da conferência. Em primeiro lugar, destaca-se a Cúpula de Líderes, que contou com a participação de 57 chefes de Estado, como uma pré-abertura da COP; a isso somam-se uma série de reuniões e espaços como o “IV Encontro Internacional de Comunidades Atingidas por Barragens e Crise Climática e Cúpula dos Povos”, a Feira do Bem Viver, o oficina de produção de estandartes e o mural pelo clima.

Nesta ocasião, a COP espera receber cerca de 200 líderes que debaterão sobre três eixos considerados fundamentais: o aquecimento global, a transição ecológica e o papel estratégico das florestas tropicais. Além disso, estima-se que o número total de representantes governamentais, organizações científicas, povos indígenas, universidades, empresas e organismos internacionais chegue a 50 mil pessoas. A COP 30 em Belém do Pará tem sido apontada como um espaço essencial para levar a sério a situação ambiental do planeta, definir os Acordos de Paris e evitar o ponto de não retorno para a harmonia da Terra.

REPAM na conferência

A REPAM tem promovido um caminho de reflexão como preparação para a COP. A gestão realizada no último ano pela Secretaria Executiva da REPAM Brasil se estrutura em três eixos principais: a formação, por meio de capacitações e da elaboração de material pedagógico (como o ABC das COPs); a articulação, com acompanhamento em espaços governamentais, junto a organizações civis e movimentos sociais; e a mobilização, uma iniciativa que, juntamente com a Cúpula dos Povos pelo Clima, permite que membros de comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas ampliem sua voz de luta no contexto do evento.

A Secretaria Executiva da REPAM, representada pelo Irmão João Gutenberg, confirmou sua presença na Zona Azul da COP (espaço onde se concentram delegados credenciados, chefes de Estado, observadores oficiais e meios de comunicação). Isso permitirá que a REPAM tenha acesso às discussões e eventos paralelos onde são tomadas as decisões sobre as ações dos governos diante do futuro climático. Além disso, a REPAM estará presente nas palestras “A agricultura e os sistemas alimentares do mundo frente à mudança climática – Quais desafios para os países do Sul” e “Desbloqueando sinergias entre clima, biodiversidade e alimentação por meio de ações comunitárias sobre a terra – Agendas globais – Paragoclima”, ambas na Zona Azul da conferência.

A equipe da REPAM Brasil, liderada por sua secretária executiva, Irmã Irene Lopes, participará das palestras “Justiça climática, implementação das NDCs e a contribuição dos grupos de fé” e “Parcerias baseadas na fé promovendo o Acordo de Paris nos Estados Unidos com solidariedade global”, também na Zona Azul da COP. Paralelamente aos eventos de caráter diplomático, têm sido promovidos espaços de escuta, reflexão e ação com as comunidades presentes em Belém (conheça a programação aqui). Soma-se a isso o trabalho de comunicação liderado pela REPAM Brasil em parceria com a Cúpula dos Povos pelo Clima, com o objetivo de difundir narrativas sobre o que acontece em Belém sob uma perspectiva que reconhece a necessidade de ações contundentes diante da crise climática.

Outro grupo da rede que confirmou sua participação é a REPAM Peru, entidade animada pelo Centro Amazônico de Antropologia e Aplicação Prática (CAAAP). Na última sexta-feira, nas contas oficiais do CAAAP, foram anunciados os espaços em que sua comitiva estará presente (conheça a programação aqui). Por parte da REPAM Peru, dentro da Zona Azul, haverá participação em cinco espaços de diálogo: “Respondendo às Conferências do Sul Global sobre Bispos Católicos e o chamado à Justiça Climática”, “Povos Indígenas e NDC 3.0”, “Povos Indígenas e Comunidades Locais diante da Mudança Climática”, “Amazônia Livre de Combustíveis Fósseis e Povos Indígenas” e “A Assembleia da Cúpula dos Povos na COP30”.

Chamados globais

Às vésperas da abertura oficial do evento e diante das expectativas em relação ao que poderá ser acordado em Belém, já foram lançadas diversas opiniões e comentários em nível mundial sobre a COP 30. Por um lado, há líderes que questionam a credibilidade do espaço, pois em conferências anteriores foram firmados acordos que não foram cumpridos por parte de governos e organizações; por outro lado, há quem espere que Belém do Pará seja o cenário que marque a concretização efetiva dos Acordos de Paris e o início de uma política climática global que defenda o equilíbrio e a vida no planeta.

O Papa Leão XIV tem sido enfático ao convidar aqueles que se reúnem em Belém a “assumir compromissos corajosos e concretos para o cuidado da criação, lembrando-lhes que a paz e a responsabilidade ambiental estão inseparavelmente unidas”. O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, transmitiu a mensagem de Leão XIV aos delegados presentes na COP: “Se quiserem cultivar a paz, cuidem da criação.” Além disso, é válido acrescentar que, em sua mensagem e ao recordar o Acordo de Paris, assinado em 2015, o Papa exortou os países a “acelerar” com coragem sua aplicação e a execução da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.”

10 de novembro de 2025