História

A iniciativa da fundação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) se fundamenta na formação e composição da bacia do rio Amazonas, que existe graças à confluência de seus diversos afluentes grandes, medianos e pequenos. Esta confluência de águas nos faz pensar na união da diversidade das experiências e vivências de muitas pessoas, comunidades, paróquias, vicariatos, prelazias, dioceses, congregações religiosas, organizações eclesiais e sociais, entre outras, que se fortalecem para formar esta importante Rede. 

ANTECEDENTES 

Compartilhar este caminho percorrido como rede para entender e situar como os rios se conectaram para que existissem as possibilidades de fundar nossa rede eclesial da região Pan-Amazônica. 

A REPAM nasceu por inspiração da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida (Brasil), realizada em 2007, onde foi proposto “criar consciência nas Américas sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade. Estabelecer entre as Igrejas locais dos vários países sul-americanos que se encontram na bacia amazônica uma pastoral conjunta, com prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que favoreça aos pobres e sirva ao bem comum” (DAp, 475). 

A partir daí começa um diálogo de amadurecimento até a criação da REPAM em 2014, abrangendo a realidade dos oito países e um território ultramar que têm selva amazônica: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guayana Francesa e Suriname. 

ENCONTROS PRÉVIOS EM 2013

  • No Encontro da Rede Amazônica do Equador em Puyo, em 2013, surgiu a necessidade de pensar num exercício de articulação eclesial dos países Pam-amazônicos, ou seja, surgiu o sonho de formar essa rede. 
  • No mesmo ano, em Lima, se discutiu com maior clareza a viabilidade de tornar esse sonho de Puyo real. 
  • Em Manaus, por ocasião do Encontro dos Bispos do Brasil, se conseguiu refletir no exercício Pam-Amazônico, pedindo que não se esqueçam dos demais países que pertencem à Amazônia. 

FUNDAÇÃO E INÍCIO DE FUNCIONAMENTO 

  • Brasília, 2014: Neste encontro se conseguiu delinear a identidade que queremos ter como rede, foram analisadas e concretizadas as reflexões de Lima (2013), foram identificados os objetivos estratégicos e a estrutura mínima para que esse processo de rede começasse a funcionar. Sobretudo, se percebeu uma sintonia na definição duma plataforma que permita a articulação das experiências de Igrejas desde os territórios até as estruturas e instituições, e por sua vez a dinâmica de escuta e construção conjunta. Uma anedota: não se tinha definido de forma concreta a criação da rede, mas uma carta do Papa Francisco por ocasião do início do encontro deu por fundada a rede, o que ajudou na definição da existência da REPAM. 
  • Encontro em Roma, 2015: foi realizada uma apresentação formal da REPAM, e se gerou uma reflexão sobre o quanto era significativa a existência da rede, se sentia um grande movimento que se ia tecendo, o que nos dizia: aqui existe intuição, então vamos em frente! 
  • São Domingos e Manaus: Encontros que permitiram garantir e consolidar a existência da rede com suas instituições macro: CELAM e CNBB. Nestes encontros foi definida a delegação formal do Cardeal Cláudio Hummes e de Dom Pedro Barreto para assumir a presidência e a vice-presidência da REPAM. 
  • Encíclica Laudato Sí: O Papa Francisco lançou a encíclica Laudato Sí, na qual convida as pessoas a se preocuparem pelo cuidado de nossa casa comum. No nº 38 o Papa fez referência ao interesse pela proteção dos grandes biomas: Amazônia e Congo como dois dos biomas que requerem de atenção imediata. Este convite a viver uma ecologia integral e ao respeito da ecologia cultural dos povos ancestrais nos anima a seguir no caminho de serviço como rede. 
  • Bogotá, 2015: Este encontro teve como objetivo ampliar a integração y articulação com as jurisdições, Bispos, experiências de Igreja e países para que a rede conte com uma maior representatividade, que não se conseguiu alcançar no primeiro encontro fundacional. Por seu turno, existiam expectativas em continuar definindo sua estrutura e definição de eixos (antes objetivos estratégicos). Os frutos deste encontro foram os seguintes: 
  1. Primeiro exercício de escuta direta com povos indígenas: foram ouvidos representantes do Equador, Brasil e Peru, gerando um diálogo e escuta direta, sem intermediações nem mediações. 
  2. Em Bogotá foi definido que a REPAM seja inscrita no CELAM, mas com autonomia própria. 
  3. Se estabeleceram as diferenças entre sujeito prioritário do serviço como rede, eixos prioritários e eixos de serviço. 
  4. Participaram e se vincularam ao processo de rede a Venezuela e a Guiana, permitindo pela primeira vez uma reflexão a partir dos processos de articulação de redes nacionais em cada país, ou seja, que aí inicia o exercício de articulação nacional como REPAM Nacionais. 

  • Em 2016 iniciou um processo de diálogo que permitiu um melhor serviço como REPAM às Igrejas locai e a seus povos para acompanhar os territórios. 
  1. Tabatinga: Primeiro encontro de diálogo e escuta aos povos a partir do eixo sujeito prioritário: se estabeleceram 10 encontros em função dos grandes afluentes da Pan-Amazônia. 
  2. Puyo: Intuição de apostar por uma Igreja com Rosto Amazônico, com as implicações dessa proposta. 
  3. Organização da REPAM: se continua analisando como amadurecer os eixos e conectar as REPAM Nacionais. 
  4. Foi realizada a Primeira Escola para a Promoção, Defesa e Exigibilidade dos DDHH na Pam-Amazônia: um processo inicial que marcaria a ação de incidência internacional por quase 2 anos para a rede. 
  • Progressividade nos encontros e atividades 

Puyo, 2016: Atualização do documento de Identidade da REPAM. 

Santarém/Itaituba, 2017: Por ocasião do encontro de diálogo com Povos Indígenas e REPAM em Itaituba, foi realizada em Santarém a reunião do Comitê Executivo Ampliado, onde iniciamos um sério exercício de discernimento comunitário. Nesta ocasião refletimos sobre nosso processo de rede, nossa posição e serviço frente ao que seria um processo sinodal sobre a Amazônia. 

São Paulo, 2018: Um tempo para avaliar o caminho percorrido como rede durante esses primeiros 5 anos de articulação e vida. Se continua garantindo o exercício de discernimento comunitário para seguir o chamado para a construção do Reino a partir da Amazônia. 

PROCESSO SINODAL E PROJEÇÃO DA REDE 

  • Processo Sinodal: Durante este ano se realizaram os preparativos e atividades para que existissem as contribuições ao processo de Consulta Sinodal. Reconhecemos a importância deste processo e ressaltamos os principais pontos: 
  1. Visita do Papa Francisco à Amazônia Peruana: O marco da presença e encontro de Francisco com os povos da Amazônia determinou uma ideia do que poderia ser o Sínodo. Nesta visita ocorreu a primeira reunião da REPAM com o Cardeal Baldisseri para falar sobre a contribuição que a REPAM poderia oferecer. 
  2. Conformação do Comitê Pré Sinodal: Com os Bispos membros da REPAM Nacionais e outros membros leigos/as. Esta seria a equipe que iria elaborar o documento de consulta, que a REPAM adaptaria a uma versão popular de trabalho com os territórios. 
  3. Elaboração de estratégias das REPAM Nacionais e Eixos da REPAM para definir como contribuiriam ao processo de consulta sinodal: Foram desenvolvidos espaços de articulação em cada país para garantir estas atividades. Os eixos, por sua, vez também estabeleceram a forma como apresentariam suas contribuições; a maioria realizou encontros presenciais e alguns outros encontros virtuais. 
  4. Estratégias de consulta sinodal: todas foram realizadas entre junho de 2018 e fevereiro de 2019. A nível das REPAM Nacionais, todos os países conseguiram realizá-las, menos a Guiana Francesa (que a realizaria em junho de 2019), e todos os Eixos da REPAM também contribuíram para o processo de consulta. A REPAM recebeu 266 contribuições ao Sínodo. 
  • Projeção da Rede: embora seja verdade, o processo sinodal demandou maior atenção pela quantidade de atividades como REPAM; no entanto, o marco deste processo ajudou: 
  1. Fortalecimento das REPAM Nacionais: a estratégia de escuta e sistematização das necessidades, ameaças e propostas dos territórios ajudaram a fortalecer as estratégias de articulação das REPAM Nacionais. 
  2. Atualização dos Eixos da REPAM: os espaços dos encontros dos eixos para oferecer ao Sínodo foram aproveitados para atualizar as linhas de trabalho de alguns eixos, como povos indígenas e comunidades tradicionais; fronteiras; justiça socioambiental; redes internacionais. 
  3. Se formalizaram as reuniões trimestrais das REPAM Nacionais para dar acompanhamento dos processos de fortalecimento de cada um dos países. 
  4. Dezembro de 2018: na reunião do comitê ampliado da REPAM se fala abiertamente sobre o processo de transição (tempos) da Secretaria Executiva atual, ajudando a definir que será em 2020 que se espera realizar esta mudança. 

PÓS SÍNODO E TRANSIÇÃO 

Após um processo de 2 anos do Sínodo, a REPAM se encontra em Brasília, Brasil no Comitê Executivo de dezembro de 2019, onde se refletiram e definiram novos aspectos: 

  1. Encontro prévio dos Eixos e REPAM Nacionais: A pedido das REPAM Nacionais e dos Eixos se estabeleceu um espaço de encontro prévio ao comitê ampliado para gerar maior articulação interna dos países e eixos entre eles. Pela primeira vez se realizou este exercício, gerando bons resultados. 
  2. Reflexão sobre o Pós-Sínodo para a REPAM: compreendendo que no âmbito deste novo tempo eclesial a REPAM faz parte de toda a Igreja, e não assumirá um papel de destaque, animar que os demais membros da Igreja assumam o chamado a pôr em prática as propostas do Sínodo. No entanto, cada REPAM Nacional, Eixo e Núcleo devem assumir a parte que lhes corresponde para voltar aos territórios e estabelecer uma estratégia de retorno do processo sinodal e honrar a palavra que as pessoas nos entregaram. 
  3. Pandemia da Covid-19 
  4. Transição da SE REPAM: Após seis anos com sua sede em Quito, Equador, a Rede realiza um processo de transição para Manaus, Brasil. 
  5. Definições: foram constituídos formalmente os núcleos de Mulheres e Educação Intercultural, com participação da REPAM Guiana. 
  6. Discernimento: processo realizado em 2020 sobre a ação e o papel desenvolvido pela Rede em toda a Pan-Amazônia. Os anos iniciais da estruturação da Rede, o caminho do Sínodo, o contexto da pandemia que atinge de forma rigorosa os povos Amazônicos e o processo de transição da secretaria orientam o processo de discernimento da REPAM, bem como indicam luzes para o caminho nos próximos anos.