A REPAM nas Nações Unidas

Abertura do Fórum das Nações Unidas sobre Questões Indígenas em Nova York.

Por REPAM

Em uma cerimônia marcada pela ação de graças à mãe terra e um chamado à ação para a autodeterminação dos povos indígenas, a sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas (UNPFII) foi aberta ontem, 16 de abril de 2024, na sede das Nações Unidas em Nova York.

O evento começou com um reconhecimento comovente da terra como fonte de vida e união, agradecendo aos ventos e ao ar que respiramos pela paz que proporcionam. Relembrando as obrigações especiais para com os ancestrais, a avó Lua e as estrelas, o evento abriu caminho para o tema central deste ano: Aperfeiçoar o direito dos povos indígenas à autodeterminação no contexto da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, com foco especial nas vozes dos indígenas jovens.

Neste cenário transcendental para as comunidades indígenas, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e seus aliados, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e o Programa Universidade da Amazônia (PUAM), ocupam um lugar de destaque. A delegação que representa toda a Pan-Amazônia neste fórum é composta por uma variedade de vozes, incluindo Laura Vicuña Pereira Manso, do povo Kariri do Brasil e do CIMI; Ruberval Matos Reis, do povo Maraguá do Brasil; Chantelle da Silva Teixeira, do CIMI; Valexon Lins Oliveira Ambrósio, do povo e etnia Macuxi do Brasil; Simone Bauce, religiosa comboniana; Leonardo Narváez Loarte, da REPAM Equador; Mauricio López, da PUAM; Pe. Pedro Hughes (SSC), religioso columbano irlandês atuante há mais de 50 anos como missionário no Peru e coordenador do Centro de Direitos Humanos e Advocacia da REPAM; Lily Calderón Ramos, técnica do referido Centro; e Sonia Olea Ferreras, responsável pela Advocacia Internacional da REPAM e da Cáritas Espanhola.

A presidente do fórum deste ano, Hindou Oumarou, do povo de Mbororo no Chade, África, centrou a sua mensagem de boas-vindas na importância da relação entre o meio ambiente e os medicamentos tradicionais. “Respeitar sua conexão para defender o território significa lutar segundo a segundo juntos”, afirmou Hindou. Ela também destacou o papel crucial dos povos indígenas como restauradores do solo na luta contra as mudanças climáticas.

O fórum continuará acolhendo líderes e povos indígenas de todo o mundo até o dia 26 deste mês, abordando questões que vão desde o desenvolvimento econômico e social, a cultura, o meio ambiente, a educação e a saúde, até os direitos humanos. Em eventos paralelos, a delegação da REPAM esteve presente no evento de Cooperação Amazônica (OTCA), com a participação do vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca; da ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Bone Guajajara; de Gregorio Mirabal, da COICA; do relator do Fórum dos Povos Indígenas, Francisco Cali; e da ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Cecilia Sosa.

As discussões e conclusões sobre a OTCA destacam a necessidade urgente da participação efetiva dos líderes indígenas nos espaços de tomada de decisão, especialmente na luta contra o aquecimento global e na preservação da diversidade biológica, para garantir que a Terra não perca sua capacidade de se auto regenerar.

No período da tarde, tivemos uma reunião aprofundada com o relator especial das Nações Unidas para os direitos dos povos indígenas, Francisco Cali, quando pudemos apresentar-lhe a situação de grave violação de direitos em que vive a Amazônia. Nos próximos dias, enviaremos a ele nossas denúncias por escrito.

Tradução: Ir. Hugo Bruno Mombach, FSC