A ancestralidade que caracteriza cada uma das populações originárias da Pan-Amazônia é algo que chama a atenção e se destaca aos olhos do planeta. O que muitos não sabem é que cada uma das partes que compõem a memória histórica dos povos da nossa imensa floresta tem uma forte influência sobre os modelos de socialização. Ao longo deste manual de capacitação, mencionamos os detalhes que relacionam a cosmovisão indígena com a harmonia e o respeito pelo território. Referimo-nos à memória e à cosmovisão que nossas comunidades preservam como mecanismos de proteção ambiental e garantias para a preservação da vida.
Mas qual é a situação atual da memória histórica e da identidade cultural dentro dos povos e comunidades amazônicas? A cosmovisão tem a mesma força entre os habitantes da Pan-Amazônia como há algumas décadas? Responder a essas perguntas nos coloca diante de um cenário pouco alentador: a apropriação de modelos de vida ocidentais dentro da Amazônia gerou um contexto de esquecimento do que é próprio e de modificação total das práticas ancestrais. No entanto, não podemos deixar de reconhecer que existem casos em que a resistência a novas práticas tem permitido conservar o caráter ancestral. O papel da comunicação, criada a partir das próprias comunidades amazônicas, deve estar voltado para a reivindicação da cosmovisão e da identidade cultural dos povos que habitam nossa imensa floresta; assim, construímos um caminho que nos leve a resgatar parte importante da ancestralidade e a desenvolver alternativas que nos permitam salvaguardar os meios de vida da Pan-Amazônia.






