Preocupação na Colômbia. Imagens de satélite mostram grande devastação causada pela mineração

Foto: Parques Nacionais Naturais da Colômbia

Segundo um relatório divulgado pelo Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP), foram identificadas cerca de 27 dragas dedicadas à extração de minerais nas águas do rio Puré — um afluente que atravessa uma área protegida considerada um refúgio de biodiversidade.

Por: Equipe de Comunicação da REPAM

O relatório do MAAP evidencia uma situação crítica nas bacias dos rios Cotuhé e Puré, sendo este último o mais afetado. Ao todo, são 27 pontos ao longo da bacia do rio Puré impactados pela extração ilegal de minerais. Vale destacar que a região é de difícil acesso, o que facilita o estabelecimento de grupos armados, organizações ligadas ao narcotráfico e garimpeiros ilegais que se instalam nas áreas próximas às fontes de água.

A mineração na Amazônia colombiana

O aumento do preço do ouro nos últimos anos fez com que a atividade mineradora se tornasse mais lucrativa do que negócios ilegais como o desmatamento, o tráfico de terras e o narcotráfico. Na Colômbia, o problema se agrava diante desse cenário. O Banco da República da Colômbia reportou um aumento de 3,25% no preço do ouro para o ano de 2025. Além disso, no mercado global, o mineral chegou a ser comercializado a cerca de 3.100 dólares por onça. Dessa forma, diversas organizações com poder econômico e militar passaram a atuar na mineração, provocando devastação e destruição em vários territórios.

Um relatório do portal Mongabay Latam destaca as declarações de Luz Alejandra Gómez, especialista em sistemas de informação geográfica, que afirma: “Nota-se uma maior perda de floresta nas margens do rio Puré.” Além disso, foi possível identificar que as ações de dragagem e extração estão crescendo nos Parques Nacionais Naturais Río Puré e Amacayacu. Na Colômbia, no início da década de 2000, como política de Estado, foi promovida a chamada Locomotiva da Mineração — uma visão de governo que consistia na concessão de títulos minerários em todo o país.

Essas concessões, em muitos casos, foram concedidas a empresas multinacionais dentro de territórios sob atuação de Grupos Armados Não Estatais (GANE), também envolvidos na mineração. Esse contexto foi um gatilho para a violência e para a expansão da mineração, que — legal ou ilegal — tem causado danos irreparáveis ao território colombiano e à própria Amazônia. À prática da mineração são atribuídos a degradação dos solos, a contaminação excessiva das fontes de água, o desmatamento e o estabelecimento de pontos de narcotráfico.

População e Governo

O que mais preocupa nesta situação é que as atividades de mineração mencionadas ocorrem em zonas consideradas Áreas Protegidas (AP). Na Colômbia, assim como em muitos outros países, foram estabelecidas políticas de preservação territorial que visam proteger a biodiversidade, as comunidades ancestrais e os ecossistemas. No entanto, o difícil acesso a essas áreas é visto por organizações mineradoras ilegais como uma oportunidade para ocultar suas atividades e os crimes ambientais e sociais delas decorrentes.

No caso da Colômbia, a administração dos Parques Nacionais Naturais (PNN), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, afirma sobre a situação do PNN Río Puré: “Conta com uma ampla rede de microbacias navegáveis, que facilitam o acesso a zonas próximas às malocas indígenas; essa mesma característica tem permitido a presença de atores externos.” Encontros indesejados com comunidades assentadas e povos indígenas isolados têm ocorrido, colocando em risco a biodiversidade e as garantias de vida que a área protegida oferece.

As ações dos habitantes das comunidades localizadas dentro do PNN Río Puré são fundamentais para evitar avistamentos, encontros não desejados e a ocorrência de crimes ambientais. Os grupos comunitários organizados, em parceria com os PNN, promovem estratégias de gestão integrada para minimizar o risco de contato, fomentar o ordenamento ambiental e gerar conhecimento científico. Apesar disso, o problema persiste, e a mineração na região e em grande parte da Amazônia colombiana continua ativa, promovendo a degradação ambiental, social e cultural.

12 de junho de 2025